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A Arte na Pandemia

Mais de um milhão de pessoas trabalham formalmente com a arte e a cultura – sem contar as incontáveis presenças na informalidade – tiveram que parar. Com a pandemia por conta do coronavírus, o mercado artístico foi o primeiro a parar sua programação e, conforme as previsões, será um dos últimos a normalizar as atividades. Em números, o setor cultural representa 2,64% do PIB brasileiro e possui cerca de 250 mil empresas e instituições. Na prática, são atores, produtores, cantores, escritores, músicos e tantos outros impactados. Como fica este mercado neste período tão delicado?


Os cancelamentos de eventos culturais atingiram o setores da arte e da cultura. De acordo com dados da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), a maioria dos eventos previstos para ocorrer no ano de 2020 foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta, totalizando um prejuízo que passa de R$ 290 milhões. A entidade também prevê a demissão de 580 mil profissionais da área.


Conteúdos relacionados à música, a teatros, às artes plásticas, ao audiovisual e à literatura tiveram que se adaptar ao ambiente virtual para a continuidade de propagação. O resultado disso foi a inserção desses conteúdos na realidade de nossos lares.


Entre algumas ações estão as lives, shows e apresentações promovidos e transmitidos por plataformas online. De acordo com dados da assessoria da rede social Instagram, 800 milhões de pessoas utilizam diariamente a ferramenta Ao Vivo, disponível via Facebook e Instagram para transmissões em vídeo na internet. Mas é importante destacar que esta ação é uma importante ferramenta de difusão da arte, mas não atende toda a classe, pois há aqueles que aguardam a reabertura.


Para atender o percentual de trabalhadores das artes que estão parados, algumas medidas vêm sendo realizadas. Entre elas, a plataforma de streaming Netflix e o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (Icab) criaram um fundo emergencial que oferecerá auxílio para até 5 mil trabalhadores e freelancers da produção audiovisual do país. O coletivo FilmaRio também criou uma ação para profissionais que trabalham com artes, focando principalmente para quem fica nos bastidores, como maquinistas, maquiadores, eletricistas, entre outros. Por meio de uma vaquinha online, o FilmaRio está levantando fundos para auxiliar essas pessoas. Até o fechamento dessa reportagem, a campanha arrecadou R$ 80 mil e segue recebendo doações.


Em relação às manifestações artísticas divulgadas de maneira virtual, muitas iniciativas foram tomadas, como a liberação de filmes e séries no período da pandemia, juntamente com transmissões de orquestras, apresentações musicais ou mesmo releituras de clássicos da música. Além disso, novas obras artísticas produzidas durante a pandemia têm, inclusive, refletido o impacto da nova doença no mundo. Até um museu dedicado ao coronavírus, com um acervo de obras virtuais sobre a pandemia, foi criado. A arte está tão envolvida com o estado mental das pessoas na pandemia, que alguns se inspiraram em reproduzir quadros de pintores famosos com detalhes notáveis e até cômicos.


Para o psiquiatra Paulo Amarante, a relação entre arte e saúde mental é mais comum do que se imagina. “Poucas pessoas sabem, mas o surrealismo foi criado por um psiquiatra, André Breton. A ideia do surrealismo era propiciar a emergência do inconsciente sem as limitações impostas pela sociedade, deixar aflorar os sonhos, pesadelos e desejos mais profundos. E a arte foi um dos grandes pontos do movimento surrealista, na pintura, no cinema, no teatro. Ela tem a capacidade de se aprofundar na alma das pessoas, nos desejos, nos instintos, no que há de mais obscuro e dar luz, e isso é profundamente criativo”.


Percebemos que muitos artistas têm se dedicado e produzido apresentações virtuais, conhecidas como lives, que auxiliam o público como uma ferramenta de distração no momento de isolamento social. Mas é preciso pensar também na saúde mental dos artistas envolvidos com essas produções, pois muitos sentem o desânimo de produzir por não terem expectativas sobre o retorno da movimentação artística e cultura.


Para o psicólogo e doutor em saúde coletiva da Unicamp, Bruno Emerich, a arte desempenha um papel importante na pandemia. “Estamos vivendo um momento de incertezas e inseguranças, em que muitas pessoas estão entrando em contato com dimensões da sua própria vida, da sua história e do seu próprio sofrimento, sem necessariamente ainda ter construído estratégias para lidar com isso. É algo bastante complexo, tem diferentes perspectivas mas, de certa forma, a cultura ou a conexão com algo artístico que faça sentido para a pessoa pode ajudar”. Além do impacto pessoal, a arte também é importante para o convívio em coletivo, detalha o especialista: “Podemos pensar na dimensão cultural como algo que aproxima, apesar da distância, e que conecta, apesar das diferenças. É uma forma de ampliar a compreensão e o sentimento desse momento para todo mundo”.


A psicanalista Rosana Teresa Onocko Campos reforça também que é importante cada pessoa compreender e ter autocompreensão consigo mesma, pois a pandemia tem variados impactos. “Não se cobre para estar muito bem porque ninguém está muito bem. Aceitar que não está bem, às vezes, é o melhor que se pode fazer. Converse com alguém, ligue para um amigo ou para um parente, aproveite algum desses momentos de divulgação cultural, se permita estar um pouco mais calmo, com um ritmo um pouco mais lento, um pouco mais consigo mesmo. E não precisa se cobrar uma felicidade ou uma euforia. Não é um momento para estar eufórico e feliz”.


Além da arte e da cultura, você também pode acrescentar outras práticas para manter ou conquistar o bem-estar neste momento, com pequenas ações inseridas no seu cotidiano, como a nutrição, o movimento/atividade física, as práticas mente-corpo, a espiritualidade, os relacionamentos, o ambiente físico/contato com a natureza podem cooperar para o alinhamento entre o corpo e a mente, as práticas integrativas que levam ao bem-estar, práticas para a mente-corpo como a meditação, a Arteterapia, a Musicoterapia, as Danças Circulares, o Yoga, tai-chi entre outras.


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