top of page
Buscar

Domingo Arte



O dia de hoje é dedicado às pinturas do artista visual e professor da Pós-Graduação em Artes Junior Bittencourt. No texto abaixo, o artista faz um relato sobre o processo de criação das pinturas em questão. Confira:


Essas pinturas são forjadas no desejo de expressar minhas inquietações e inclinações poéticas que eram materializadas nos desenhos com grafite.


Essas criações vêm surgindo como um fenômeno de matéria viva e afetiva. Para essas produções, sou seduzido e provocado pela cor nas suas múltiplas possibilidades; pelos elementos plásticos (pastosidade da tinta, liquidez; maleabilidade, textura, tonalidade e cheiro).


O meu encantamento se estende ao uso dos pincéis, com os quais produzo diferentes formas, por serem instrumentos que ao passearem com a tinta deixam seus “rastros” na superfície da tela, rompendo com o plano, inventando “horizontes”, espaços em cores, camadas, movimentos, condensando imaginário e materialidade pictórica.


O gesto se mostra agressivo podendo ser reconhecido como uma energia tectônica, traduzida em cores que “dançam”, variando entre tons suaves e "explosivos". Os contrastes tornam a plasticidade como o magma de uma erupção vulcânica, incendeia em cores quentes o plano pictórico com composições de formas, estruturas finas e densas camadas como o involucro (manto) da “Mãe Terra”.


Serão essas pinturas um “incêndio” pictórico, envolvido por um movimento em "dança selvagem"? Um baile de cores, tinta, formas, ritmos, texturas e gestos que procuram envolver, capturar olhos imaginários de pessoas que permitem serem levados por essa dança, energia pictórica? Ou será "loucura e batalha de inquietações”? Plasticidade caótica essa, que aparenta assumir ao caos, fazendo visível, permitindo ser "lembrada" e apreciada na dimensão pictorial e imaginária. Esse, tudo/todo, potência de vida que apresenta e expressa até mesmo o não-dizível. O que será essa força? Qual é a forma e não forma dela?


A ossatura que compõe esses trabalhos se encontra no território distinto ao do mundo das representações, do óbvio, pronto, conhecido e acabado. Está no tempo/espaço do surgir, agitar e do desvelar mistérios, expandindo e aquecendo imaginários, como o "fogo" roubado por Prometeu e presenteado aos homens.


A pintura é matéria/material vivo e simbolismo das questões primeiras, que envolvem o ser. Questões que antecedem o reino da ordem, figuras e formas conhecidas, cisalhando, abalando certezas e razões.


Nesse sentido, do lugar que vejo minhas produções pictóricas com planos de tensões, “erupções”, movimento sísmico, expositores das profundezas, envolventes de surpresas, "gritos", "espantos", tristezas, alegrias, paixões, solidão, agonia, dores e prazeres. Espaço do "invisível", do sentir, da imensidão infinita do ser. Sim! Invisível e muitas vezes indizível, mas nunca deixado de ser sentido.


bottom of page